Em Fome (2017), narrativa confessional de Roxane Gay, a autora faz uma autobiografia de seu corpo, relatando de maneira honesta e crua a sua experiência de viver em uma sociedade estruturalmente gordofóbica e racista como uma mulher de cor gorda. Ela explica como transformou seu corpo em uma fortaleza por meio da comida para protegê-la como consequência de um estupro coletivo sofrido aos 12 anos e documenta a sua vida através das experiências individuais e coletivas dela com a sua figura. Com base nisso, a presente pesquisa tem como objetivo analisar como a autora se coloca juntamente ao seu corpo no mundo para depreender, de sua vivência, um exemplo das representações e “verdades” comumente associadas ao corpo gordo feminino de mulheres de cor na contemporaneidade. Para tal, é necessário definir conceitos como gordofobia estrutural, cultura da dieta e interseccionalidade através dos trabalhos de autoras como Virgie Tovar (2017), Audrey Gordon (2020), Patricia Hill-Collins e Sirma Bilge (2020) e Kimberlé Crenshaw (1989). Em seu texto, Roxane Gay demonstra ter sofrido gordofobia do meio médico, através de implicit bias que associa qualquer problema de saúde a excesso de peso, e de sua família, amigos, parceiros e parceiras, que sempre se preocuparam com o “problema” de seu peso sem questionarem as razões por trás dele. Ela também intersecciona gordura e raça, apontando que ambos são marcadores impossíveis de serem escondidos e que estigmatizam e diminuem as pessoas que os possuem. Através da análise de Fome (2017) e da experiência pessoal de Roxane Gay, foi possível concluir que mulheres gordas de cor sofrem um misto de micro e macro agressões constantes que muitas vezes interseccionam seu peso com a sua raça e que narrativas como essa são libertadoras e importantes na luta contra os estereótipos associados ao corpo gordo.
Crítica feminista estadunidense: mulheres de cor, mujeres de color, women of color.
Larissa Tavares de Freitas
2022
Abstract
Em Fome (2017), narrativa confessional de Roxane Gay, a autora faz uma autobiografia de seu corpo, relatando de maneira honesta e crua a sua experiência de viver em uma sociedade estruturalmente gordofóbica e racista como uma mulher de cor gorda. Ela explica como transformou seu corpo em uma fortaleza por meio da comida para protegê-la como consequência de um estupro coletivo sofrido aos 12 anos e documenta a sua vida através das experiências individuais e coletivas dela com a sua figura. Com base nisso, a presente pesquisa tem como objetivo analisar como a autora se coloca juntamente ao seu corpo no mundo para depreender, de sua vivência, um exemplo das representações e “verdades” comumente associadas ao corpo gordo feminino de mulheres de cor na contemporaneidade. Para tal, é necessário definir conceitos como gordofobia estrutural, cultura da dieta e interseccionalidade através dos trabalhos de autoras como Virgie Tovar (2017), Audrey Gordon (2020), Patricia Hill-Collins e Sirma Bilge (2020) e Kimberlé Crenshaw (1989). Em seu texto, Roxane Gay demonstra ter sofrido gordofobia do meio médico, através de implicit bias que associa qualquer problema de saúde a excesso de peso, e de sua família, amigos, parceiros e parceiras, que sempre se preocuparam com o “problema” de seu peso sem questionarem as razões por trás dele. Ela também intersecciona gordura e raça, apontando que ambos são marcadores impossíveis de serem escondidos e que estigmatizam e diminuem as pessoas que os possuem. Através da análise de Fome (2017) e da experiência pessoal de Roxane Gay, foi possível concluir que mulheres gordas de cor sofrem um misto de micro e macro agressões constantes que muitas vezes interseccionam seu peso com a sua raça e que narrativas como essa são libertadoras e importantes na luta contra os estereótipos associados ao corpo gordo.I documenti in IRIS sono protetti da copyright e tutti i diritti sono riservati, salvo diversa indicazione.